domingo, 14 de novembro de 2010

Cauã Reymond é solar e não vive sem a endorfina

Ator é bem diferente do Danilo de ‘Passione’, que volta ao ar esta semana numa fase negra


Rio - Dono de um sorriso único, Cauã Reymond pergunta antes de começar a sessão de fotos para a TDB!: “Posso sorrir?”. Por conta de seu personagem Danilo, viciado em crack em ‘Passione’, ele tem aparecido na TV em situações degradantes. E na próxima terça-feira retorna à novela, em uma cena que reproduz o ambiente de uma cracolândia. “Meu irmão mais novo, que mora em Santa Catarina, chorou várias vezes ao ver o Danilo sob efeito da droga. Tive que ligar e falar: ‘Não sou eu, fica tranquilo’. Minha avó fica muito nervosa quando vê e uma das minhas tias não consegue assistir às minhas cenas”, confessa ele, que nada tem a ver com essa realidade.

O cara solar, que de tanto fazer esportes desenvolveu uma lesão no quadril típica de atletas e precisou se afastar da trama por quase dois meses para curá-la, logo se revela. “Era viciado em endorfina (substância produzida pelo cérebro com a prática esportiva). Isso é até engraçado, porque durante o período em que vivo um viciado na TV e estudo sobre o assunto, tive que aprender a lidar com o afastamento do único vício que tinha, que era fazer esportes”, conta o ator, que já foi lutador de jiu-jítsu, surfa, faz ioga, musculação e corre na areia.

Toda essa rotina está suspensa há sete semanas por conta do tratamento para curar o impacto femoroacetabular, palavrão que o fez operar e precisar de muletas para andar. O sumiço é justificável na trama, pois dependentes químicos na vida real se afastam de suas famílias. A tacada de mestre ficou por conta de Silvio de Abreu.

O autor deu um jeito de incluir o jovem na lista de suspeitos da morte de Saulo (Werner Schünemann), que expulsou o filho de casa a socos e pontapés e lhe negou a ajuda para largar o vício. “Acho que o Danilo está envolvido com a morte do pai. Tenho minhas dúvidas se ele é realmente o assassino, minha aposta no bolão é o Arturzinho (Julio Andrade). O culpado é sempre o mordomo (risos). Mas se duvidar, o Silvio não contou isso nem para a Denise Saraceni (diretora)”, aposta.

Para dar veracidade ao drama do atleta viciado em crack, Cauã fez uma pesquisa paralela à que foi oferecida pela Globo. Devorou obras literárias e cinematográficas sobre o assunto e pesquisou dependentes ‘in loco’. “É o personagem mais complexo que já fiz. Primeiro, fui à Cracolândia, de São Paulo, dar uma olhada. Depois de ler e de ver, comecei a frequentar o Narcóticos Anônimos para entrar em contato, porque na Cracolândia, não tentei, fiquei só de voyeur”, explica ele, que, na sequência, visitou clínicas de reabilitação. “Lá contei com a ajuda de gente que trabalhava na clínica e era ex-viciado. Esses me contaram suas trajetórias de vida com detalhes precisos”, observa.

Esse mergulho só não o fez mudar de opinião no que diz respeito à liberação do uso de drogas. Ele é a favor, mas não crê que seja o momento ideal para o Brasil adotar uma medida dessas. “Acredito que é preciso construir esse diálogo. Mas aqui não há estrutura para tratar do dependente químico nem condições de atender à demanda que surgiria se houvesse a liberação, nem que seja de maconha, que, a princípio, é a droga mais simples, para fins medicinais”, argumenta.

Para encarnar a fase ‘negra’ de Danilo, Cauã também está sem fazer a barba e cortar as unhas. Mas nem isso diminuiu o sucesso dele com o público feminino. A começar pela namorada, a atriz Grazi Massafera. “Minha mulher gosta de mim barbudo, diz que fiquei com cara de mais velho. E outras atrizes também me fizeram elogios”, diverte-se.

“Mesmo rolando essa campanha a favor, eu já teria cortado a barba. Está ficando quente, mas pelo personagem tudo bem”, resigna-se o ator, sem visitar o barbeiro há um mês e meio. O período coincide com o afastamento forçado por conta da operação no quadril. De volta às gravações na última quinta, ele ainda vai usar muletas por três semanas.

“Nessa folga, vi muito filme, li muito. Também dormi bem. E nas últimas semanas, meu sono acalmou. Estava tenso por conta da operação e, antes dela, só fiz cena difícil. Fiquei pilhado, e agora, volto relaxado, mesmo com o couro comendo”, conta ele, feliz e superempolgado.


Cauã não teve ‘crise’ em beijo gay
Cauã Reymond também brilha quando o assunto é cinema. Em ‘Meu País’, de André Ristum, interpreta um jovem viciado no jogo e em ‘Estamos Juntos’, de Toni Venturi, encarna o DJ homossexual Murilo. “Para fazê-lo conversei com muito casal gay, frequentei inferninhos. E na noite gay se consome muita droga. Lá, descobri que a bala (êxtase) é mais barata que a dose de uísque”, observa o ator, que no filme chegou a protagonizar um beijo gay com o ator argentino Nazareno Casero.

“Ele é bem resolvido e eu também. Então não teve crise. Demos dois tapinhas nas costas. Perguntei: ‘É isso que gente vai ter que fazer?’. No ação a gente fez, mas barba espeta e não é legal. Os argentinos têm muita barba (risos). Beijo em rosto lisinho e pele de bebê como da Grazi é melhor”, brinca ele. Já no longa ‘Não Se Pode Viver Sem Amor’, de Jorge Durán, que deve chegar às telas até o fim do ano, Cauã vive João, um advogado fracassado que vai para o crime. “Agora só faço os desajustados”, diverte-se.
 

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