





O corpo esculpido pelo jiu-jítsu e pelo surfe, o sorriso mais que iluminado e ele ainda escreve poesias. O homem mais sexy do ano é Cauã Reymond
Cauã Reymond varria o chão quando desviou o olhar da atriz francesa Juliette Binoche. “What a beautiful boy!”, disparou a estrela do filme O Paciente Inglês, brincando com o lindo menino de sorriso largo. A cena que não era de ficção e aconteceu no difícil período em que ele passou em Nova York enquanto dava seus primeiros passos como ator. Aos 21 anos, Cauã era uma espécie de faz-tudo na escola de dramaturgia onde tinha uma bolsa de estudos e sempre cruzava com Juliette. Aquele tempo em que ganhava US$ 20 por dia e dormia num colchão inflável ficou para trás.
Hoje, aos 28 anos, ele comemora dias melhores. Muito melhores. Está em um grande momento na carreira. Símbolo sexual? “Estranho. Às vezes me imagino um garotinho de 12 anos. Acho que os personagens que fiz levam a isso.” O ator não acha que vive seu ápice. Ele prevê que muita coisa interessante está por vir. Deve estar escrito em seu mapa astral. O taurino Cauã é daqueles que recorrem à interpretação do céu uma vez por ano. É filho da astróloga Denise, mas só há três anos começou a se interessar de fato pelo que dizem os astros e os signos do Zodíaco. Ele credita a boa maré – isso inclui a vida a dois com a atriz Grazi Massafera – ao retorno de Saturno. Meses antes de completar 29 anos, o mesmo tempo de órbita do planeta dos anéis, ele já sente o que definem os astrólogos como o período de reviravoltas. Boas, que fique bem claro. “O retorno de Saturno é um ano bom de trabalho. Para mim, vem sendo.” Cauã emendou novelas, atuou e co-produziu o filme Se Nada Mais Der Certo e foi dirigido no teatro por Maria Luiza Mendonça. “Não tirei férias nesse tempo, tudo está eclodindo agora. As coisas que fiz foram importantes para que eu tivesse maturidade para interpretar o Halley”, diz, sobre o personagem sedutor de A Favorita.
O momento ao lado de Grazi, com quem está há um ano e quatro meses, também é especial. É com ela que o ator quer casar e ter filhos. Jura, no entanto, que não têm data. Ainda moram em casas separadas mas dormem juntos todas as noites. Juntos também andam de bicicleta. Cauã passou a ter a companhia da namorada para pedalar pela orla carioca e Grazi ganhou um parceiro para devorar sua maior tentação: Lajotinha, quadradinho de waffle coberto com chocolate da Kopenhagen. “A gente ri muito. Temos uma relação simples, boa. Mesmo que fosse engenheiro e ela, médica, a gente se daria bem”, conta. Cauã é romântico, ama o livro Os Versos do Capitão, de Pablo Neruda, e ainda escreve poesias. Grazi já ganhou algumas. Todas sem título, marca do poeta, que assina com data e local onde os versos foram escritos.
As poesias surgiram na vida de Cauã aos 15 anos, pouco depois de sua vida dar uma guinada. Um ano antes, em 1994, ele deixou Friburgo (RJ), onde passou dois anos, e foi morar com o pai, o psicólogo José Marques, no Balneário Camboriú (SC). “Comecei a me encontrar, a lutar jiu-jítsu e pegar onda. Fiquei mais forte e ter mais auto-estima”, conta ele, que antes da mudança era uma menino magrinho que gostava de jogos de RPG. “Eu me sentia meio bundão até os 14 anos. Era bem nerd”, diz. Foi nesse desabrochar em Santa Catarina que aconteceu a primeira transa com uma menina mais velha, de 20 anos, então secretária de seu pai. “Seis meses no Sul e eu já era outro garoto”, diverte-se.
Cauã levou a sério os treinos de jiu-jítsu iniciados com incentivo do pai e chegou à faixa preta. A luta passou a guiar seus passos seguintes. Foi como atleta que ele fez seu primeiro trabalho como modelo, aos 17 anos, profissão que o levou para uma temporada em Milão e Paris. O tatame também foi o pretexto para morar em Nova York. Nos dois anos em que passou ensinando a arte marcial na cidade americana, ele descobriu a vocação de ator. Foi assistir a uma aula grátis de dramaturgia na escola de Susan Batson, que já treinou Tom Cruise e Nicole Kidman, e se apaixonou. Lá conseguiu uma bolsa e o emprego de assistente geral: limpava o banheiro, varria o chão e atendia o telefone. Conciliava as aulas de jiu-jítsu e dormia cinco horas por noite, de favor no quartinho dos fundos da casa de um aluno. Sobrevivia com US$ 20 por dia. Alimentava-se com barrinhas de proteína e frutas. Quando batia a vontade de uma comida quente, dava o golpe do fio de cabelo. “Eu já tinha feito experimento em uma daquelas delis. Uma vez tinha caído um cabelo meu na comida, aí o cara não me deixou pagar. Toda vez que eu ia, guardava um fio no bolso, comia metade da refeição e o colocava no prato”, lembra.
Cauã não pensou em desistir. Nem depois do 11 de Setembro, quando viu com seus próprios olhos o segundo avião bater contra uma das torres gêmeas. “Os americanos ficaram perturbados, morava com um descendente de árabe e a gente ficava com medo. Não pegava mais metrô e minha mãe pedia para eu voltar”, lembra ele, que só retornou quando concluiu o curso. Em 2007, voou para a Big Apple com Grazi. Mas embarcou para uma cidade que desconhecia. “Fui à Broadway, restaurantes caros, fiz coisas que não fazia. Adorei. Era uma outra Nova York.” Nas andanças por Manhattan, Cauã relembrou o passado, reviu um amigo dos tempos difíceis e mostrou à namorada o local que abrigava a escola onde ele lavava banheiro. Ou melhor, o lugar onde ganhou o inesquecível elogio de Juliette.