segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Grazi Massafera é a Desinibida do Grajaú na série As Cariocas



O maior sonho da infância de Grazielli Soares Massafera era vencer um concurso de beleza. Como uma pequena Miss Sunshine, a loura magrelinha, de fartos cabelos cacheados e bocão percorria o interior do Paraná em seletivas, que nem sempre lhe deram lugar no pódio. Incentivada pelo pai, pedreiro, e a mãe, costureira, lá ia a mocinha metida em roupas produzidas, cheias de brilho, renda, babados...
Aos 8 anos, a garota que andava pela casa com pregadores de roupa pendurados na orelha, como se fossem joias raras, conseguiu a primeira colocação, vencendo o Miss Boneca Viva, em Jacarezinho, sua cidade natal.
— Sonhava ser um dia uma Vera Fisher, uma Marta Rocha. Aquele mundo era uma fantasia incrível para mim. Nunca foi algo imposto pelos meus pais. Eles confiavam em mim, sabe? Achavam que eu realmente tinha jeito para a coisa — recorda Grazi, que só levou para casao título: — Não teve prêmio!
Aliás, premiação foi algo que demo- rou muito a chegar. Grazi não entrava nas competições para fazer dinheiro:

— A primeira coisa que ganhei foi um secador de cabelo. Quando o prêmio era um carro, eu perdia. Participei do Miss Paraná duas vezes. Na primeira vez, valia um carro, eu perdi. Na segunda, não teve prêmio algum e quem ganhou? Eu (risos). No Miss São Paulo, fiquei em terceiro lugar, e lá estava mais um carro perdido... Os carros sempre ali, e nada.
De novo com a faixa
Quis o destino, porém, que na pele de uma personagem, a hoje atriz Grazi Massafera realizasse o sonho de voltar motorizada para casa após um concurso. É vivendo Michele, a Miss Grajaú, que Grazi volta à TV no episódio “A desinibida do Grajaú”, de “As cariocas”, série que estreia nesta terça-feira.
— Amei voltar a usar uma faixa de miss! Michele é daquelas cariocas que gosta de funk, samba, não perde um carnaval e quer se dar bem na vida, atravessar o túnel, ir morar perto do mar — descreve ela, que vai aparecer abusando de shortinhos, microssaias, decotes... — Mas ela não é vulgar, não é este tipo de apelo que a Michele tem. Ela é, talvez, a mulher que toda mulher da vizinhança quer ser e que todo homem gostaria de ter.


Na história, baseada na obra de Sérgio Porto (veja quadro com os outros epi- sódios na página 9), Michele sai do Grajaú após vencer um concurso de beleza e ganhar um carro importado. A moça vai morar sozinha em Copacabana, mas o passado bate outra vez à sua porta.

— Ela quer arrumar um homem que lhe dê estabilidade financeira, que banque seu futuro, mas não consegue. Sem grana, é obrigada a voltar para a casa da mãe no Grajaú, mas não abre mão do carro. A única coisa que conseguiu na vida. Quando ela atravessa o túnel, de volta às suas origens, é que a gente vai entender quem é essa garota — adianta a atriz.
É nesse retorno que as maiores confusões acontecem no bucólico bairro da Zona Norte. Vizinhas preconceituosas não disfarçam sua ira e os homens vivem a babar pela desinibida moradora.
Foto: Divulgação


— É como se o bairro fosse um vulcão prestes a entrar em erupção. Com a chegada dela, isso acontece. A Michele não é barraqueira, mas é daquelas que paga para não entrar em briga, mas paga o dobro para não sair — descreve Grazi, que numa das cenas vai aparecer de shortinho, em pé, no teto do carro, no maior bate-boca, após um vizinho cair da varanda ao vê-la lavar o automóvel.
E de pensar que ela só queria férias após “Tempos modernos”... Como Deodora, a atriz, ainda uma iniciante em suas descobertas, foi vilã, mocinha, escritora de livros infantis e até um robô.
— Nossa, foram muitas personagens numa só. Um trabalho difícil, desgastante, mas um grande aprendizado. Vim de duas novelas complicadas. Primeiro “Negócio da China” e depois “Tempos
modernos”. Mas acho que me prepararam para algo de bom que está acontecendo agora. Espero que a Michele também me prepare para algo melhor — avalia ela, que vai fazer o primeiro filme da carreira, como par romântico de Selton Melo, em “The Billi Pig”, de José Eduardo Belmonte.

No balanço do mar
Se na ficção a namorada de Cauã Reymond tem que driblar o ciúme ferrenho de suas vizinhas, na vida real Grazi faz a linha “nem estou aqui” ao perceber algum assédio:

— Nunca me coloco numa situação assim. Não entro em confronto. Você tem que mostrar para a outra mulher que não está ali para duelar. Nunca passei por isso, a não ser que não tenha percebido. Sei me
colocar para não oferecer perigo e não correr também (risos). No Rio há seis anos, Grazi ainda não se
considera uma carioca, mas já incorporou alguns hábitos da cidade ao cotidiano.


— O Rio para mim é trabalho. Gosto de ir à praia, mas não tenho tempo. Adoraria entrar para uma turma de vôlei de praia, porque adoro e jogo bem. Mas, por enquanto, fico observando os autênticos cariocas, que
até na fala têm o balanço do mar.

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